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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. amanhã nunca se sabe: agosto 2007

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Ônibus 174 no aperto


Na quinta-feira da semana passada, dia 9 de agosto, nossos professores do dia, e outro de sexta-feira, tiveram a feliz idéia de passar um filme documentário, e a não tão feliz idéia de juntar as duas salas no pequeno estúdio. Mas isso não vem ao caso.

O que vem ao caso é que às 8 da manhã, numa sala apertada e escura, o filme "Ônibus 174", o tal, foi capaz de manter muitos de nós, jovens de 20 e pouco, acordados, atentos e interessados.
Mas cabe haver uma desconfiança quanto ao motivo de estarmos tão interessados: o filme ou o tema?

Em 2000, quando se passa a história contada no filme (o seqüestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro - para quem não abriu o link...) ficamos com os olhos fixos na televisão do mesmo jeito que estivemos na quinta-feira. Gostamos de ver tragédia, e isso o próprio filme retrata muito bem quando, por exemplo, mostra a quantidade de gente ao redor do ônibus só pra ver o que tinha acontecido, ou, pior, a quantidade de jornalistas no local, que, não atendendo às orientações dos policiais, mais atrapalhou do que ajudou.

Nesse ponto aparece um debate interessante. Uma aluna ficou revoltada com os jornalistas, que deveriam ter saído do local quando os policiais pediram. E ela mesma apontou, conforme já foi dito, que isso acontece pois infelizmente gostamos de ver tragédias.
Vamos por outro caminho de resposta: Alguém já pensou o que teria acontecido se nenhum jornal publicasse a notícia? Ou mesmo se publicasse, mas fosse impedido de divlgar o passo-a-passo da polícia, imagens, filmes? Se isso acontecesse, em minutos já haveria protestos da população contra a censura. A oposição diria que isso é uma forma de o então presidente FHC esconder que existe violência no país, etc, etc.

O debate é complicado. Ninguém discute que a população (nós) gosta de ver tragédia. E também ninguém discute que algumas imagens de tragédias não deveriam ser divulgadas, por uma simples questão de respeito aos envolvidos e seus familiares. Mas é ingênuo demais acreditar que os brasileiros não se importarão se lerem em algum jornal "por motivos éticos, não estamos divulgando imagem", ainda mais em um país tão cheio de cartas na manga, no mau sentido, quanto o nosso.

Voltando à primeira questão, o filme acertou no tema, sim, mas fez juz a ele. Boas imagens, muitos muito bons depoimentos e simples, mas não boba, apresentação de fatos.