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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. amanhã nunca se sabe: A história de 4 pré-jornalistas que tinham duas lições de casa

segunda-feira, 23 de abril de 2007

A história de 4 pré-jornalistas que tinham duas lições de casa

(ou: Filmar, editar, reportar)

Era uma bela tarde de quinta-feira, véspera de feriado. Os quatro amigos bem queriam se mandar para a praia/sítio/bosque/terranatal/casassimplesmente, mas não podiam.

Como dedicados estudantes de jornalismo, faltando menos de dois anos para se formarem, eles sabiam que era aquele o melhor horário para fazerem o trabalho de telejornalismo. E o trabalho tinha que ficar bom. Afinal, não se podia desperdiçar a oportunidade única: não é todo dia que adolescentes de 20 e poucos anos podem sair pela avenida paulista com um camera man profissional.

Então lá foram eles: uma produtora segurando metade das sacolas da repórter, procurando desesperada e simpaticamente -na medida em que é possível esses dois advérbios estarem juntos- por pessoas que quisessem dar seus depoimentos; um editor com a outra metade das sacolas da repórter, querendo a todo custo um-daqueles-fones-super-legais-que-o-outro-grupo-ta-usando e que filmassem-a-reporter-andando; um pauteiro ansioso para ver seus escritos pronunciados em frente a uma câmera, ao mesmo tempo em que ajudava a produtora na busca por entrevistados; e, finalmente, uma repórter estupidamente nervosa tentando decorar as 5 linhas de abertura e as duas perguntas da matéria sobre reality shows - "Por que você acha que as pessoas sentem tanta curiosidade em observar a vida dos outros?" "Você confia nos rrrrealhhlity shows?".

Até que foi mais rápido do que pensavam. Talvez a vontade louca por pegar a estrada o quanto antes tenha ajudado a jogar para segundo plano a vergonha de falar com pedestres desconhecidos. E talvez a felicidade de que no dia seguinte não trabalhariam tenha incentivado os pedestres desconhecidos a darem entrevistas para humildes estudantes. E talvez falar sobre big brother brasil em São Paulo seja algo bastante atraente. Bom, não importa! O ponto é que não tardou aos 4 amigos despedirem-se e ir cada um cuidar da própria vida. Mas isso só por uma semana e 4 dias...

Segunda-feira à noite. A Faculdade era um ambiente estranho para aqueles que estudam de manhã. E o estágio havia consumido toda a energia do editor e da repórter -e continuavam consumindo a da produtora e do pauteiro. Mas tinham que editar o material filmado na véspera do feriado. E tinha que ser JÁ, estava agendado havia semanas... Lá foram na salinha até então desconhecida, com um técnico/ajudante/editorprofissinal(?). Todas aquelas TVs, todos aqueles botões... É, editar não poderia ser tão chato. Um pouco trabalhoso, mas em duas horas estava tudo acabado. Deixas decupadas, ordem escolhida rigorosamente, fita etiquetada... casa!

Acabou? Só entregar? Que nada... Já ouviu falar em "interdisciplinaridade"?
O trabalho agora era de Novas Tecnologias. E está sendo, ainda não foi. É isto aqui. O blog. "Amanhã nunca se sabe". É essa a conclusão de nosso trabalho de reality show. Amanhã o trabalho pode ser melhor, amanhã pode dar erro, amanhã você vai querer se matar porque o trabalho ainda não acabou, amanhã até que você vai se empolgar com o trabalho. É... amanhã nunca se sabe.

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